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30
set

A invasão dos memes na política

Desde que se popularizaram, os memes (conceitos ou acontecimentos que se espalham via internet em vários formatos, especialmente montagens) invadiram inúmeros segmentos da nossa vida online ou offline; cultura, esporte, política, nada escapa do humor da internet. Mas que tipo de influência os memes podem exercer sobre uma campanha? Como eles se relacionam com a evolução política de um candidato?

Essa relação memes-política ficou bem clara já nas eleições presidenciais americanas de 2012. Os usuários da internet usaram memes para ressaltar discursos e ironizar posicionamentos, notícias e histórias dos candidatos. Um caso que ficou muito marcado foi quando Mitt Romney disse em um debate que, para reduzir o déficit nas contas do país, ele cortaria a verba da PBS, emissora sem fins lucrativos financiada pelo governo. Nas palavras de Romney, ele adora a PBS, adora o Garibaldo (personagem de Vila Sésamo, show da emissora), mas os EUA deveriam parar de se endividar por isso. Foi o suficiente para a internet fervilhar com memes.

 

Em 2012, os memes causaram um efeito novo nas eleições, potencializando os discursos dos candidatos muito além do que a mídia tradicional poderia ter feito – e de maneira totalmente orgânica, sem nenhum custo ou incentivo especial. Na verdade, os memes têm uma facilidade para viralizar conteúdos como poucas mídias possuem. Memes têm grande poder de mobilização e articulação nas redes. É exatamente por isso que não podem ser ignorados e já estão sendo utilizados em campanhas eleitorais. Inclusive no Brasil.

 

 

O fenômeno dos memes no Brasil foi visto com uma intensidade absurda nas últimas eleições. Na verdade, os memes de 2014 foram criados praticamente em tempo real. Várias páginas do Facebook e Twitter postaram piadas com as afirmações dos candidatos nos debates antes mesmo do intervalo comercial. Os memes acabaram estigmatizando alguns políticos, transformando-os em verdadeiros personagens – como Eduardo Jorge, marcado pelo discurso pró-maconha, e Levy Fidelix, com seu aerotrem. Alguns memes também fizeram piada com o posicionamento dos candidatos, mostrando Aécio e Dilma em oposição e a tendência de Marina Silva de não tomar partido – “a polarização prejudica o Brasil…”.

Apesar de parecerem piadas inocentes, os memes geram impactos fortes nas imagens dos candidatos. O crescimento expressivo de Luciana Genro nas urnas, por exemplo, se deve, em parte, ao grande holofote dado pela internet à sua discussão com o Aécio Neves, no episódio “você não levanta o dedo pra mim!”, que ganhou várias montagens. Aécio e Dilma, que disputaram o segundo turno, também apareceram em incontáveis situações em que tiveram seus pontos negativos atacados humoristicamente na internet. Na construção de imagem e credibilidade de um candidato, esse tipo de atenção pode ter efeitos catastróficos.

 

Como proceder?

O fenômeno dos memes na internet muda a cara das eleições. Qualquer frase mal dita ou escorregão pode ser reproduzido milhares de vezes pelas redes e estigmatizar uma campanha inteira. Para piorar, quase sempre a autoria dos memes é anônima, o que praticamente impossibilita lutar diretamente contra quem os postou. Processar anônimos na internet ainda não é exatamente algo viável. Isso exige que os cuidados com a imagem e a comunicação de um candidato sejam impecáveis para evitar falhas. As campanhas bem estruturadas fatalmente precisam se organizar do ponto de vista online e calcular os impactos que o humor dos internautas pode causar – inclusive, usá-los a favor da própria campanha sempre que possível pode ser uma estratégia extremamente efetiva. O fato é que é impossível pensar em se candidatar hoje em dia sem saber exatamente quando você será motivo de piadas na internet – e como fazer para não se ter que quebrar a cabeça com elas.

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