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27
nov

Como se constrói um presidente

O El País fez uma análise interessante sobre o trabalho do assessor equatoriano Jaime Durán Barba na campanha presidencial argentina de 2015.

De acordo com o jornal, há um ano e meio, o novo presidente da Argentina tinha apenas 13% das intenções de voto. Mauricio Macri era famoso por pertencer a uma família muito rica no país. Sempre frequentou as melhores escolas, andou sempre acompanhado de mulheres bonitas. Uma realidade com a qual poucos argentinos poderiam se identificar.

 

As pesquisas mostraram à equipe de Macri que a capacidade de mobilização da imagem dele como candidato era muito limitada. Para maior parte da população, ele era um tipo inalcançável, altivo demais, não despertava simpatia ou confiança. O problema é que a única forma de vencer era cativando essa parcela da população.

Para transformar Mauricio Macri, empresário e filho de pais ricos, no candidato que conquistaria a província de Buenos Aires do domínio peronista e teria a maioria dos votos válidos do país, a equipe de campanha precisou vencer vários obstáculos. Desconstruir essa imagem exigiu, antes de mais nada, uma mudança pessoal. O candidato precisou superar sua timidez e a agorafobia (pânico de multidões) adquirida após um sequestro sofrido há mais de 10 anos. Foi eficiente, os próprios amigos do presidente dizem que ele mudou.

A estratégia de campanha tinha com alicerce principal mostrar que Macri era alcançável. Foram feitas várias visitas a pessoas escolhidas pelo Facebook, fossem apoiadoras dele ou não, para que conversassem com o candidato. Tudo sempre gravado, claro, para gerar material. Macri também telefonava pessoalmente a números aleatórios querendo saber o que as pessoas fariam se fossem o presidente. A campanha também explorou seu passado como presidente de um dos mais populares clubes de futebol do país, para quebrar o gelo. Além disso, as fotos publicitárias também sempre tinham Macri cercado de gente. Tudo friamente calculado para misturar o homem de classe alta aos problemas e anseios das classes mais populares.

O equilíbrio entre seus ideais de direita e essa nova face popular foi capaz de reverter o cenário difícil que as pesquisas mostravam em 2014. Mauricio Macri conseguiu superar a desconfiança de quase 52% dos argentinos e tirar os kirchneristas do poder depois de 12 anos de hegemonia eleitoral. Resta saber se ele saberá conduzir o trabalho tão bem quanto a campanha. Se for capaz de manter o nível, Macri pode crescer entre os 48% restantes e ganhar o apoio dos que não foram convencidos pela surpreendente trajetória eleitoral do novo presidente argentino.

Confira a matéria do El País.

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